quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Caviar

“Você sabe o que é caviar? Nunca vi nem comi eu só ouço falar...”

Assim começa a música, famosa em todo o nosso país, que fala sobre a tão desejada iguaria e a quase inacessibilidade a ela para quem não tiver menos de sete dígitos na conta bancária. Apesar de ser uma realidade atualmente, nem sempre as coisas foram assim. Ao longo da história o caviar foi comida de pobre, serviu como ração para porcos, foi tão barato quanto manteiga e nem um pouco “glamouroso”.

Sendo apenas ovas de peixe salgadas (mais especificamente ovas do esturjão), o caviar nada tinha de especial até o século XIX, quando os nobres russos começaram a frequentar as cortes europeias com enorme séquito de servos, exigindo caviar com champanhe, e fascinando os aristocratas e ricos burgueses de Paris, Londres, Berlim e Viena.

Em pouco tempo o deslumbre com esse estilo de vida faria os burgueses europeus se apaixonarem pela iguaria e adotá-la como comida da elite em todo o mundo. O aumento do desejo pelo caviar fez com que diversas empresas surgissem na Europa cuja finalidade era apenas a importação, fabricação e comercialização das ovas.


Encontrado em diversos rios por todo o hemisfério norte, o esturjão é um peixe grande e extremamente dócil. É mais antigo que os dinossauros e tem cerca de 30 espécies cujas ovas produzem caviar de diversos tipos e qualidades. O consumo de ovas de peixe não se restringe apenas ao esturjão, mas o caviar só é qualificado como tal caso derive dele.

O boom do caviar experimentou dois momentos na história. O primeiro, ainda durante o século XIX, exterminou o esturjão em rios da Europa e EUA. O segundo, após o colapso do comunismo e da União Soviética na década de 90 do século XX, levou a quase extinção dos esturjões no Mar Cáspio.

A construção de diversas hidrelétricas no Rio Volga, um importante desovadouro do esturjão e um dos maiores rios da Rússia, também contribuíram para o desaparecimento do peixe, mas tentativas de reimplantá-lo por meio da alevinagem e reintrodução de espécies no Volga tiveram algum resultado. Contudo, após o fim da URSS, esses procedimentos diminuíram e o peixe ficou seriamente ameaçado.

Existe hoje uma crescente preocupação entre consumidores, produtores e organismos ambientais para a preservação do esturjão no Cáspio, mas a poluição, a destruição do seu habitat, a pesca excessiva e o comércio ilegal das ovas são ainda os maiores entraves para a sua salvação.

-- Thiago Amorim

Para saber mais:

Caviar: a estranha história e o futuro incerto da iguaria mais cobiçada do mundo - Inga Saffron

sábado, 1 de janeiro de 2011

Século XXI


Em uma cidade perto daqui há um monumento que me chama bastante atenção. Nele está escrito uma mensagem de saudação, vindo das pessoas do século XIX para as pessoas do século XX. Não sei a sua história e os motivos que levaram a sua construção, mas imagino que ele simbolizasse a esperança das pessoas que o idealizaram na nova era que surgia e que, fatalmente, cada uma dessas pessoas jamais presenciaria.

Catorze anos passariam até que as pessoas do novo século tivessem uma prévia do que seria todo o século XX: Uma sucessão de guerras; duas ou três delas guerras mundiais.                                                           

Agora chegamos ao fim da primeira década do século XXI. É interessante pensar sobre isso e imaginar o que as pessoas desejavam para todo o século XX quando da conclusão de sua primeira década. Naquele tempo, assim como no ano da construção do monumento citado anteriormente, muitos nem imaginavam os sofrimentos, as descobertas e as inúmeras revoluções que balançariam o planeta nos próximos cem anos. E aqui estamos nós, cem anos depois desse dia, e dez anos depois do início do nosso próprio século, do século XXI.

Nem carros voadores, nem colônias espaciais. O homem continua ligado a Terra e parece que vai ficar por aqui muito tempo ainda. Os conflitos continuam gigantescos e cada vez mais distribuídos por cada pedaço do planeta. A água nunca foi tão importante e os impactos ambientais tão perigosos.

Mesmo assim, temos do que nos orgulhar. Saúde, educação, segurança. Muitas coisas em muitos lugares avançaram, tornando a vida humana mais fácil. É irônico perceber que apesar de termos evoluído tanto em diversos campos, não avançamos na aceitação ao próximo, na humanidade em si. Alguns ainda vivem com a cabeça na Idade Média, presos a ideias e preconceitos ultrapassados. Mas digo a vocês... Essas pessoas não terão muito futuro nesse novo século. Elas nem ao menos terão muito tempo.

Karl Marx dizia que as novas gerações são assombradas pelas tradições das anteriores, e por causa disso presas a dogmas e convenções que não lhes pertencem, que não deveriam ser importantes. Acredito, entretanto que a partir de agora isso não mais acontecerá. As pessoas nunca tiveram tanto acesso a educação, cultura e informação. As pessoas nunca puderam pensar por si mesmas como podem hoje.

Assim, tenho confiança de que apesar de todos os conflitos e problemas, estamos numa época de mudança profunda, de validação de direitos, do respeito ao próximo, da construção de uma nova humanidade. Com esperança digo que no século XXI a vida será valorizada acima de qualquer outra coisa.

É com essa certeza, com o desejo por dias melhores que finalizo esse texto. Que o século XXI traga apenas felicidade, paz e bonança para todos nós.

Feliz 2011!!!

-- Thiago Amorim